Memorial às vítimas da Kiss
programa
conceituação & projeto arquitetônico
info
disciplina: arquitetura
tipologia: memorial
data: 2018
local: Santa Maria/RS
area: 780,00 m²
equipe
Alexandre Prass
Filipe Santos
Miguel del Rio
extras
imagens: kadstudio
sobre | about
Criar uma proposta que represente o tamanho do significado deste triste episódio da nossa história é de grande responsabilidade. Envolve compreender a tristeza, o vazio e a desilusão das vítimas, a fim de encontrar os sentimentos que os movem em direção a Esperança. Para superar a dor, nada é mais importante que o acolhimento, o abraço e o carinho. Nossa proposta, neste sentido, busca trazer espaços acolhedores – de reflexão, respeito e memória, a fim de possibilitar a integração da população com as causas da AVTSM, ressignificando este “espaço de dor em um espaço de amor”.
Por isto, integramos a Praça ao espaço público, convidando as pessoas à visitarem o local espontaneamente. Criamos espaços multiusos, versáteis, com diferentes possibilidades de apropriação, que possibilitem formas de utilização em conjunto ou independentes, incentivando a diversidade de uso. Propomos espaços que instigam os sentidos, as emoções, que evidenciam a memória através dos sentimentos e da interação das pessoas com os espaços construídos – seja pelo uso da luz, dos materiais ou das simbologias empregadas.
“Uma pequena edificação, uma praça e um memorial”
A solução apresentada propõe a liberação do pavimento térreo para que seja utilizado como Praça aberta ao nível da rua e ao redor do Monumento. Para isto, posicionamos no centro um Hall Multiuso para acesso, e as circulações em um bloco lateral contíguo. Através da criação de um subsolo (Memorial, Escritórios e Serviços) e do posicionamento do Auditório no 1º Pavimento, conseguiu-se disponibilizar uma grande superfície do lote para as áreas da Praça, Monumento, Acessos, Loja, Espaço Multiuso e Banheiros.
Conceitualmente, esta estratégia busca posicionar a Edificação como pano de fundo para a Praça e para o Monumento. Com seus dois “braços abertos” triangulares, o volume edificado em materiais e acabamentos neutros envolve as empenas e cria um espaço protegido e acolhedor, abraçando a Praça, o Monumento e as Pessoas.
Conectada a todas as atividades do conjunto, a Praça oferece um percurso de descobrimento até o acesso ao Hall. Ao adentrar o lote, de imediato o visitante se depara com o Monumento às Vítimas. Formado pelo espelho d’água, o Mural com os nomes, a árvore e o vazio do pátio do Memorial, o Monumento é o conjunto dos elementos simbólicos que cria um ambiente sóbrio, respeitoso e de reflexão. A ausência de elementos construídos simboliza o sentimento de falta, de perda e de vazio deixada pela tragédia. Por outro lado, a água, símbolo da vida e de força, conforma um ambiente de tranquilidade e paz, sendo o local escolhido para receber os nomes das 242 vítimas. Estes, estão dispostos em placas de pedra que adentram o espelho d’água – tocando suavemente a água, “flutuando”, e podem ser percebidos na medida em que o visitante caminha pela Praça. Nesse momento o visitante já visualiza a Sala do Memorial, abaixo do espelho d’água, aguçando sua curiosidade e sugerindo uma postura respeitosa.
O acesso ao Memorial se dá através do Hall da edificação. O trajeto busca induzir o visitante à reflexão sobre o ocorrido através de um espaço silencioso e de luz natural controlada. A medida em que se aproxima do acesso à sala, o visitante percebe o ambiente mais claro a agradável, permitindo uma experiência de visitação tranquila e serena. O espaço interno da Sala do Memorial se desenvolve no entorno de um pátio central, o vazio que simboliza o Monumento às Vítimas. Dentro do pátio uma árvore (Ipê Branco), símbolo de vitalidade, representa o renascimento, a continuidade e a resiliência, criando um espaço de homenagem e memória introspectivo e acolhedor.